" Escrevo porque encontro nisso um prazer que não consigo traduzir. Escrevo para mim, para que eu sinta a minha alma falando e cantando, às vezes chorando..."
Clarisse Lispector

sábado, 20 de fevereiro de 2010

"Eu sou uma contradição e foge da minha mão fazer com que tudo o que eu digo faça algum sentido"

Catarina era uma contradição! Parecia ser duas pessoas diferentes. A Catarina de casa não era a mesma da rua. Em casa era aquela que quebrava a monotonia, sempre faladeira, com mil histórias para contar e divertir a todos de sua família. Na rua a que gerava a melancolia. Sempre quieta no seu canto, cabisbaixa, com um ar meio sério, envolta em seus pensamentos, evitava se aproximar dos demais.
Quando chegava em casa, transformava-se. Sempre bem-humorada, contava suas novidades, fazia uma piada aqui, uma ironia ali, alegrando a todos de sua família. Mas depois chegava o tempo de se dedicar um pouco a si mesma e aí recolhia-se em seu quarto.
Deitada em sua cama, olhando para as estrelas coladas no teto, ao som de "yellow" se sentia a pessoa mais solitória do mundo. Sentia-se como se todos a tivessem abandonado, esquecido de sua presença. Sentia-se sem amigos. Tudo que queria era se sentir amada... Mas ela não se permetia conhecer novas pessoas. Toda vez que alguém tentava se aproximar, ela recuava, escolhia a solidão. E assim permanecia no vazio de seu quarto, envolta em seus pensamentos. Imaginava-se saindo para se divertir, passar momentos descontraídos com "seus" amigos. Mas toda vez que alguém ligava chamando-a para sair, o desânimo despencava sobre si e lá ia Catarina inventar uma desculpa para ficar em casa e continuar imersa em seus pensamentos.
E assim Catarina ia seguindo, vivendo uma vida em casa, outra vida na rua, sempre imersa no turbilhão de pensamentos que fervilhavam a todo momento em sua cabeça. E a cada dia que se passava ela sentia-se cada vez mais pressionada, como se aquelas milhares de ideias só crescessem cada vez mais rápido, não encontrando mais um espaço para ficarem dentro de si e buscavam uma forma de escapar. Catarina sentia-se como se mais cedo ou mais tarde fosse explodir. Não aguentava mais.
E foi o que acabou acontencendo. Catarina explodiu. Não aguentou mais, era pressão de mais para uma pessoa só, ela não conseguia dar mais conta de tanto. Era hora de toma uma decisão. E Catarina decidiu. Resolveu finalmente colocar um pondo final naquilo tudo. E ela o fez. Mudou sua vida para sempre.